Uta
- Ruth Collaço

- 16 de mar.
- 2 min de leitura

Concebida entre Neptuno e Vénus, balança perfeita entre mundos opostos. Sagitário seu berço. É do Sol de Africa que é feita e a sua gargalhada é como os pequenos redemoinhos de poeira em dias de verão.
Uta, nasce na praia, num fim de tarde de verão.
Corre mundo livre, a sua candura é seu escudo e seu manto é a doçura.
Num pendente traz o amor dos pais. Da mãe aprendeu a vida, o amor e herdou suas mãos, do pai colheu a liberdade e a coragem.
Filha do deserto, onde os dias queimam e as noites gelam, vê a vida como se um polvo fosse de longos tentáculos que tanto a protege como a dobra e torce.
Caracóis ao vento, laços e lacinhos que lhe pendem do risco ao lado feito pela manhã e desembaraçados pelas mãos da sua mãe.
Inocente, confiante embora sofrida pela injustiça que aprendeu a reconhecer em tudo o que a rodeia. Uta é a menina que abeirando-se dos tios, alça a perninha pedindo colo que nunca lhe é negado. Gosta do colo e do cabelo do avô Zeca e com Angelina, sua avó, gosta de brincar de bordados e coisas de senhora.
Gosta de correr descalça na rua, escorrega e está sempre a torcer os pés, por ter sempre a cabeça nas nuvens. Partilha tudo o que tem com os meninos com quem brinca, na escola, na rua e para ela são das cores do arco-íris. A sua cantiga, que cantarola quando brinca sozinha ao pé coxinho é
“Com duas mangas contente estou
Tu nada tens e uma então eu te dou
Contigo eu reparto pois te quero bem
E assim uma manga tu tens também”.
Uta vem do passado e escolhe o presente. Sua voz é ouvida sempre que bate a saudade.
De Uta, isto se sabe…



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