Ventos Sábios
- Ruth Collaço

- 16 de mar.
- 1 min de leitura

Selvagem como os lobos que correm ao luar, Ventos Sábios é a velha sabedoria, a que sente.
Vive nas brumas das matas e florestas, canta com o vento e dança com a brisa.
Sábia mestre, foi ela que assistiu ao parto das gémeas Vento e Lua, quando Quitéria gemia das suas entranhas seus amores pecado.
De pele morena e longos cabelos de prata que deixa livres como o seu espírito, Ventos Sábios aparece de um lugar nenhum sempre que sente a presença da dor alheia, e desaparece para outro nenhum lugar depois de deixar de ser necessária.
Ainda que velha e sábia, retém a beleza da floresta na primavera e é o encanto da vida de quem ama e ensina a viver.
Suas saias longas e rodadas, evocam tempos em que também ela rodava à volta da fogueira em noites de luas rubras.
Feiticeira por sina, mulher eremita por escolha, segue o caminho das ervas, veste o véu da saudade.
É a voz que canta na floresta, mão segura na hora da morte, mão que abriga na hora da dor, do parto e da aflição.
Livre, sempre livre, selvagem mais ainda, comunica e chama os lobos com quem corre nas florestas para se livrar de todas as sombras que a seguem.
Melhor que ninguém, conhece os amores e dores de toda a mulher.
Sua semente é de elástica resiliência, e o seu lar... esse é só seu.
É vista ao fim do dia, sentada num penhasco ou numa pedra frondosa qualquer.
Sol poente sua paz, incenso de sândalo o seu perfume.
De Ventos Sábios, isto se sabe...



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