Maria do Vento
- Ruth Collaço

- 16 de mar.
- 2 min de leitura
Atualizado: 25 de mar.

Nasce na floresta numa noite de vento, à luz de uma fogueira a 16 de Outubro 1667. Irrompe do ventre da sua mãe como se fosse um grito vindo das entranhas da terra.
Filha de mãe cigana e pai incógnito (presume-se que foi seu pai o fidalgo da aldeia que em noites de solidão se aquecia no fogo de sua mãe Maria Quitéria.)
Sua irmã gémea é Maria da Lua, a segunda a rasgar o ventre da sua mãe, quando já não se esperava que outra vida ali espreitasse.
Maria do Vento, mulher de 7 maridos, julgada e condenada por poligamia e feitiçaria.
Cantava e dançava na floresta à luz do luar sempre que a saudade a assolava, bebia na tasca com os homens e rodava livre de mesa em mesa...
Deixa atrás de si um legado de vendavais de amores e sedução. Mulher intempestiva, de vontade própria e sedução de ferro (derretido no fogo das paixões). Um dos seus amores foi Zé Maria o Marinheiro perdido, que nos seus braços curava os queixumes e as noites salgadas do alto mar.
Por muitos julgada leviana, é, contudo, uma mulher fiel a si e às suas dores. Não se sente posse de nenhum e nenhum quer possuir.
Entrega-se no momento, ao momento e por momentos.
Cobiçada pelos homens da aldeia (todos a querem, mas poucos se atrevem a seduzi-la), e odiada pelas mulheres, à face da liberdade e audácia com que vive a sua existência de mulher plena.
Maria do Vento, não tem poiso certo a não ser na sua Taberna. Indomável na sua estrada de conquista, ama, odeia, vinga-se e acode com a violência do vento e o perfume da madrugada. Vítima de violência de um dos seus maridos, decide nunca mais ser "domada" por amor nem homem nenhum.
Na taberna, quando canta, acaba a noite com uma música de influências ciganas.
Assim como a sua voz lhe revela a alma, a sua roupa revela-lhe o corpo do qual se goza. Na perna (apenas numa só), uma liga e nela uma adaga.
Acusada de poligamia e feitiçaria, morre queimada na estaca em praça publica, como último pedido exige que os seus setes maridos, os que a amaram e possuíram estejam presentes.
Verte sete lágrimas e “sobe” sua alma com as labaredas, atiçadas pelo vento.
Sendo polígama, Maria do Vento mantém com Zé Maria (o marinheiro perdido) um relacionamento inconstante, turbulento e apaixonado.
De Maria do Vento isto se sabe…




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