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Textura marrom abstrata

Júlia Florista

 


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Esquiva e matreira, sai sempre a ganhar. No decote nunca lhe faltam moedas nem na cama um homem. Tirando a vez que se embrulhou com o filho do almirante da marinha, jamais chora por homem algum.

Apoio único da sua mãe viúva e entrevada, Júlia mente à mãe dizendo que trabalha nas casas das senhoras finas como ama, daí a constante hora tardia em que chega a casa todos os dias.

Durante o dia vende molhinhos de flores, colhe e recolhe informação de rua. Anda de esquina em esquina, percebendo exatamente de onde cada um vai ou vem.

 

À noite Júlia é a fonte de informação de Maria do Vento, que em troca a deixa fazer das suas nas noites que passa na taberna. Sedução atrevida é o seu melhor treito, voz de fadista vadia, canta para acalmar a dor e ganhar algum favor de um ou outro que caia na asneira de a aplaudir de olhos brilhantes. O seu lugar favorito…. No colo de qualquer um. Quando não vai fazer uns trocos à Toca da Loba, é vista nos bailaricos de rua... onde há sempre um bolso despercebidamente aberto.

 

Corre pelas ruas que foi viúva em tenra idade. Sem pai, nem marido, tem três filhos para criar, faz da vida uma provocação.

Saia vermelha rodada, blusa branca caída num ombro. De espartilho que aperta à frente, deixa sempre um ou dois furos do mesmo por enfiar, sob pretexto de sentir calor. No cabelo traz sempre uma flor vermelha que lhe adorno o rosto e complementa seus lábios carnudos. Raramente calça o chinelo, a não ser que se saiba pelas ruas que o filho do almirante por ali anda.

 

De Júlia Florista isto se sabe…

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João Alves
17 de mar.
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João Alves
17 de mar.
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