top of page
Textura marrom abstrata

Maria da Lua



ree

 

Nasce na floresta numa noite de luar depois do vento acalmar, à luz de uma fogueira a 16 de Outubro 1667.

Gémea de Maria do Vento, é a segunda a rasgar o ventre da sua mãe, quando já não se esperava que outra vida ali espreitasse.

 

Filha de mãe cigana e pai incógnito (presume-se que foi seu pai o fidalgo da aldeia que em noites de solidão se aquecia no fogo de sua mãe Maria Quitéria.)

Maria da Lua, que cai sobre as borras da fogueira quando sua mãe a expulsa, ganha como marca uma cicatriz em forma de lua. Cicatriz que só quem a possuiu verdadeiramente sabe onde está.

Mulher sensual, dengosa, doce e sofrida, mãe de um só filho que lhe nasce morto à beira da praia enquanto louca espera e chora o seu amor, Zé Maria o marinheiro perdido. Por ele morre de amor, e por amor vive por ele.

Maria da Lua - Maria por ser mulher, da lua por tantas vezes dançar a tristeza à luz da lua na floresta e na clareira onde nasceu marcada pela fogueira.

Renegada, também ela vítima de um fardo que só ela conhecesse e a ninguém confessa, percorre os céus da noite com o olhar e conhece as estrelas como ninguém.

Para ela não são as tabernas nem os homens de mãos cheias e inquietas. Sendo também ela polígama, seu corpo pode até ter sido de muitos, mas é para apenas um que no seu coração faz trono. Sobre ele, nem à noite nem ao luar ela sequer revela o nome. Diz-se pelas ruelas frias e enlameadas que ela percorre no seu delírio e dor, que herdou o seu destino da sua mãe, deitar cartas e uma intuição muito apurada.

Maria da Lua é uma das paixões de Zé Maria (o marinheiro perdido), a quem ela muito quer, sem que consiga esquecer o amor da sua vida.

Na liga, leva um frasquinho de veneno, pronta para por fim à dor pois sabe que esta um dia, não mais será suportável. Na outra liga, o seu baralho Tarot.

Julgada e condenada de ser feiticeira e vidente, Maria da Lua é atirada ao rio, com uma pedra amarrada aos pés.

A sua última visão, é a lua cheia que vê através das águas que a engolem.

Com ela leva os gritos da Maria do Vento, na hora das 7 lágrimas, bem como os segredos dos seus amores e pecados.

Pelas ruas, quando perdida e só se via, cantava ao luar.

 

De Maria da Lua isto se sabe…

Posts recentes

Ver tudo

Comentários

Avaliado com 0 de 5 estrelas.
Ainda sem avaliações

Adicione uma avaliação

© 2035 por F.S. Ramos. Orgulhosamente criado com Wix.com

bottom of page