Pé de Carvão
- Ruth Collaço

- 16 de mar.
- 2 min de leitura

Não se sabe ao certo quando nasceu, muito menos quem foram os seus pais, contudo nos anuários do Templo das Tempestades, surge pela primeira vez a figura de Pé de Carvão aos pés de Dogoda de Hades.
Pelos corredores do Templo correm rumores e boatos sobre quem o terá gerado. Pende a dúvida se será filho de Dogoda cuja paternidade é incógnita. Sendo verdade, terá sido certamente fruto de uma avassaladora paixão secreta. Sob pena de um castigo supremo, Dogoda de Hades (será ela DE Hades?) nunca assume este filho alegando ser ele o filho da sua serva feiticeira Circe. Por conta de um pacto oculto que Dogoda mantém com Circe, Pé de Carvão é levado para o Templo das Tempestades a fim de ser educado e criado pelos Sábios do Templo. Consta ainda nos anuários que uma das suas mestres terá sido uma sacerdotisa de nome Sombra.
Não sendo filho do ventre da deusa, Pé de carvão só pode mesmo ser filho de Circe.
E Porquê Pé de Carvão?
Sendo ou não filho de Dogoda ou Circe, Pé de Carvão nasce com o poder e gosto particular de andar sobre brasas ardentes.
Devoto ao deus do fogo e vulcões Hefesto e a Dogoda, Pé de Carvão tem os pés sempre negros como o carvão e cinzas, de tanto dançar nos rituais de fogo e feitiço do submundo.
Com acesso aos dois mundos, Pé de Carvão é tido como perdido e achado aos pés de Dogoda, a sua devoção leva-o a beber diretamente da fonte que a deusa é. Sedento que é dos mistérios da vida, alquimia, feitiçaria e das deidades, tanto idolatra e venera Dogoda que lhe implora amiúde que lhe seja concedida uma das características da sua deusa. Num rompante rasgo de generosidade e vaidade, Dogoda concede-lhe o dom da imortalidade e juventude eterna para que assim tivesse todo o tempo do mundo para evoluir nos seus interesses.
Pé de Carvão escolhe então para si a vida de um miúdo de rua, que o permite andar por onde escolhe mais despercebidamente.
Vagueia esta terra de século em século, tendo inclusive travado conhecimento (e privado) com as gêmeas Maria do Vento, Maria da Lua e Zé Maria (O marinheiro perdido) a quem ele ajuda a salvar da forca a pedido das Marias.
Desde então segue o seu caminho, umas vezes descalço outras não.
Actualmente frequenta as esquinas mais polidas de Lisboa, cidade (por agora) escolha do seu coração.
Sobre Pé de Carvão, isto se sabe...


Bravo!