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Textura marrom abstrata

Regresso. Mulher


De mão estendida aberta regresso a mim

Chamo o meu nome evoco um passado

Trago em meu peito tantos reboliços

Que fazem tremer as paredes que sou

Ergui a muralha para me conter

Reter o que sou e acabar a luta

Mas eis que de dentro surgiu a batalha

De ser quem eu sou e não quem tu queres.

Contemplo este corpo sulcado com a escrita

Que o meu destino rimou com a vida

Zangada e impulsiva eu bati o pé

De mim insurgiu o grito cansaço

Querendo então murais desabar

Caí de joelhos perante a verdade

E subi com coragem a torre do medo

De ser a mulher de meu desapego.

Lancei-me num voo além das muralhas

Larguei quem me fiz salvei quem eu sou.

(...)

Mulheres são torres, castelos erguidos

Na forja de "homens" são espadas vencidas

Mas só quando o homem se despe do medo

Se abrem as portas. Castelo segredo!

Não temas ser homem de força despido

Tão pouco tu queiras castelos, conquistas

Se pensas ser homem, que bebe da seiva

Do fruto proibido não queiras provar

Impor tua lei, secar cada poço

É guerra perdida perante a vaidade

Larga à entrada as vestes de rei

Que a torre tem dona, que nua te engana.

Escolhe a muralha de fendas saradas

E vê nessas fendas, mulher triunfada.

(...)

Regresso então a quem sempre fui

Muralha com fendas, jamais conquistada!

Sou bandeira à lua p'la vida açoitada

Retomo a força a mim confiada.

Trovoada que brada... e chuva cantada

Prova que vida não é encantada.

(...)

Calai-vos mulher choras as percas

Escondidas por trás de lágrimas fartas

Desapega das vestes de moira encanta

Mostrai a armadura por medos forjada.

Apossa-te hoje do ser que tu és

E grita bem alto o nome Mulher.


Maria do Vento

(Heterónino)

 
 
 

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